quarta-feira, 13 de maio de 2009

Bob Marley, Alan Cole e o Náutico


O Náutico, meu time do coração, me levou ao reggae. Foi pelos pés, arte e black power do craque Alan Cole, centro-avante, estrela do futebol de jamaicano nos anos 70, amigo de Bob Marley e co-autor de alguns clássicos dos Wailers. Nesta data, portanto, presto também um tributo ao craque.
Será que alguém duvida quem é Alan Cole na foto? Se sim, ele está na linha dos jogadores agachados. Para quem enxergar o grande Marinho Chagas (lateral da seleção brasileira de 1974) entre os que estão em pé, o astro do futebol jamaicano está logo abaixo dele, munido de seu indefectível cabelo black power.
Não dá para passar pela carreira de Bob Marley sem comentar sobre Alan Cole. Nos anos 70 foi o maior jogador de futebol da Jamaica. Fora das quatro linhas, Cole integrava uma tropa de choque que atuava pressionando os DJs dos soundsystems de Kingston para tocarem músicas de Bob Marley, seu amigo. Cole também compunha. É co-autor da música War, composta com o baterista Carlton Barrett, dos Wailers, lançada no clássico álbum Rastaman Vibration e também de Natty Dread, composta em parceria com Rita Marley, lançada no álbum de mesmo nome.
Pela seleção Jamaicana, Alan “Skill” Cole enfrentou o Santos, numa partida em que, jura, teria dado um drible da vaca em Pelé. Mas o seu futebol impressionou mesmo a diretoria do Náutico - pelo qual torço com engajamento similar ao que os jamaicanos têm pela filosofia rastafari -, quando o time excursionou pela Jamaica em novembro de 71. Canhoto, de cabelo black power, atuava como um centro-avante moderno, do tipo que arma jogadas. Sua estréia no Náutico foi num amistoso contra o Sport. O jogo terminou empatado em 1 a 1 e o gol do Náutico foi assinalado por…Alan Cole! Passou a disputar com Marinho Chagas o status de meu ídolo alvirrubro. O meu principal jogador de botão foi promovido a centro-avante e passou a ser chamado de Alan Cole.
Mas a fama de goleador durou pouco. Cole só balançou as redes em apenas três oportunidades naquela temporada. Adepto ao rastafarianismo, entrou em choque com a diretoria do Náutico por não abdicar de fumar unzinho aberta e freqüentemente. Terminou voltando à Jamaica em 1 ano.
A amizade entre Bob Marley e Alan Cole é citada no livro Queimando Tudo, biografia de Marley. Nela, o jornalista Timothy White envolve as histórias entre os dois em lendas e mistérios, como o do atentado que Bob sofreu em dezembro de 76. Alan Cole foi apontado como culpado pelo crime: endividado e pressionado por traficantes, teria mandado a conta para Bob Marley, que não arcou com as dívidas do parceiro e por isso teve a sua casa baleada. Segundo o autor de Queimando Tudo, o ex-jogador alvirrubro não gozava da confiança de Bob. No entanto, Cole já chegou a dirigir a Bob Marley Foundation, instituição que administra a comercialização da obra de Bob Marley.

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